quinta-feira, 30 de abril de 2020







Liberdade de Expressão


"Os políticos e os jornais falam sem parar de liberdade, mas, no momento em que você começa a aplicar alguma, seja na Vida ou na forma da Arte, você já pode se preparar para uma cela, o ridículo ou o mal-entendido. Às vezes penso, quando ponho aquela folha de papel branco na máquina... você logo vai estar morto, todos nós logo estaremos mortos. Certo, talvez não seja tão ruim assim estar morto, mas, enquanto você esta vivo, deve ser melhor viver da fonte presa dentro de você, e se for honesto o bastante você pode ir parar na cadeia dos bêbados 15 ou 20 vezes e perder alguns empregos e uma esposa ou 2 ou talvez esmurrar alguém nas ruas e dormir num banco de praça de vez em quando."


quarta-feira, 29 de abril de 2020







Outra Cama

"Outra cama
outra mulher

mais cortinas
outro banheiro
outra cozinha

outros olhos
outro cabelo
outros pés e dedos.

Todos à procura
a busca eterna.

Você fica na cama
ela se veste para o trabalho
e você se pergunta o que aconteceu
à última
e à outra antes dela…
é tudo tão confortável —
esse fazer amor
esse dormir juntos
a suave delicadeza…

Após ela sair você se levanta e usa
o banheiro dela,
é tudo tão intimidante e estranho.
você retorna para a cama e
dorme mais uma hora.

Quando você vai embora é com tristeza
mas você a verá novamente
quer funcione, quer não.

Você dirige até a praia e fica sentado
em seu carro. É meio-dia.

Outra cama, outras orelhas, 
outros brincos, outras bocas, 
outros chinelos, outros vestidos
cores, portas, números de telefone.

Você foi, certa vez, suficientemente forte
para viver sozinho.
para um homem beirando os sessenta 
você deveria ser mais sensato."






segunda-feira, 27 de abril de 2020









Estátuas

“As pessoas embruteceram, ficaram irresponsáveis - uma gente de pedra.”





Servimos bem para servir sempre


“Puta merda, será que você não entende? – disse pro editor- não gosto de drogarias! Não gosto de ficar esperando nessas sorveterias que tem nelas. A gente fica ali sentado olhando pro mármore daquele balcão circular esperando pra ser atendido, ou passa uma formiga, ou então um inseto qualquer morrendo ali, na frente da gente, com uma asa ainda mexendo e a outra parada. Ninguém te conhece. Duas ou três pessoas de cara obtusa e paciente ficam olhando pra cara da gente. Ai surge, enfim, a garçonete. Não seria capaz de deixar a gente cheirar o fedor da calcinha dela, e no entanto é medonha de feia e nem sabe. Anota, com a maior má vontade o pedido que se faz. Uma coca. A bebida vem num copo de papel morno e dobrado. Da pra perder o ânimo, mas a gente bebe. O inseto continua vivo. O ônibus não tem jeito de chegar. O mármore da sorveteria está coberto de pó pegajoso. É tudo uma farsa, será que não entende? Se você vai na cigarraria e tenta comprar um maço, passam cinco minutos antes de alguém aparecer. A gente se sente violentado nove vezes antes de sair de lá.”



domingo, 26 de abril de 2020





Diário de Bordo 

"23 de Março, 8 horas da noite, Los Angeles, a mesma e maldita tristeza de sempre e nenhum lugar para onde ir."