segunda-feira, 29 de março de 2010


Mulheres...


Lydia - eu disse - você trepou com o Marvin não trepou?
- Que cê tá falando?
- Daquela vez que você foi lá sozinha, tarde da noite. - Que porra, eu não quero ouvir falar nisso!
- Mas é verdade, você trepou com ele!

- Escute, se você continuar com isso eu não vou aguentar!

- Você trepou com ele!

Lydia entrou no acostamento, parou o carro e abriu a porta do meu lado.
-"Sai" disse ela.
Saí.
O carro arrancou. Fui caminhando pelo acostamento. De vez em quando dava uns goles na garrafa. Andei uns cinco minutos, daí o carro encostou do meu lado. Lydia abriu a porta.
"- Entre". Entrei.
- Não diga uma palavra. - Você trepou com ele. Sei disso.- Ó Deus!
Lydia entrou de novo no acostamento, parou e abriu a porta. "Sai!"


Saudosismo


"Diabos, a vida era boa, a vida era divertida. Todos nós éramos homens, não levávamos desaforo de ninguém. E, francamente, era bom. Trago e uma trepada. E muitos bares lotados. Sem TV. Você falava e arranjava confusão. Se prendiam você por estar bêbado na rua, eles só deixavam você preso durante a noite para passar a bebedeira. Você perdia empregos e encontrava outros. Não havia por que ficar no mesmo lugar. Que época! Que vida! Loucuras acontecendo, seguidas por outras loucuras."


The Long and Winding Road


"Aqui, há uma pequena sacada, a porta está aberta e posso ver as luzes dos carros na estrada, nunca param, o rolar das luzes, sem parar. Todas aquelas pessoas. O que estão fazendo? O que estão pensando? Todos nós vamos morrer, que circo! Só isso deveria fazer com que amássemos uns aos outros, mas não faz. Somos aterrorizados e esmagados pelas trivialidades, somos devorados por nada."




Motivação

"Ainda escrevo para não ficar louco, ainda escrevo para explicar esta maldita vida para mim mesmo."


Heróis


"Em geral, tinha essas visões quando era um escritor faminto, meio louco, incapaz de me adaptar a sociedade. Tinha pouca comida, mas muito tempo. Quem quer que fossem os escritores, eram mágicos para mim. Abriam portas de um jeito diferente. Precisavam de uma bebida forte ao acordar. A vida era demais para eles. Cada dia era como caminhar sobre cimento fresco. Fiz deles meus heróis. Me alimentava deles. Minhas idéias sobre eles me sustentavam no meu lugar nenhum."



O Hipódromo


"É um lugar desgraçado e triste, mas quase todos os lugares também são."



Burro ou Gênio? 

"Não queria tocar no resto do uísque, de modo que sentei, completamente nu, na cozinha e pensei, como é que tem gente que confia tanto em mim assim? Quem era eu? Que gente mais louca e simplória. O que não deixava de ter suas vantagens. É sim, palavra, pô! Fazia dez anos que vivia sem ter profissão. As pessoas me davam dinheiro, comida, teto pra morar. Pouco importava se me supunham burro ou gênio. Eu sabia perfeitamente o que eu era. Nenhuma das duas coisas. O que levava as pessoas a me darem presentes não interessava. Aceitava e recebia sem a menor sensação de vitória ou coerção. Só partia do pressuposto de que não podia pedir nada. Ainda por cima, tinha aquele disquinho a girar no meu crânio, tocando sem parar, sempre a mesma música: não força a barra, não força a barra. Parecia uma idéia legal."

quarta-feira, 24 de março de 2010





Don't Worry Be Happy

"A vida pode ser boa em certos momentos, mas, às vezes, isso depende de nós."

terça-feira, 23 de março de 2010





Crise Existencial


"O velho Sánchez é um gênio, mas o único que sabe disso sou eu, e é sempre um prazer visitá-lo. São raríssimas as pessoas com quem aguento ficar mais de 5 minutos sem me chatear. Sánchez já foi aprovado no teste. Seja lá como for, de vez em quando vou visitá-lo naquele sobrado, construído à mão, onde ele instalou seu próprio encanamento, tem luz elétrica tirada de uma linha de alta voltagem, ligou o telefone por fio subterrâneo ao número do vizinho, mas já me explicou que não pode fazer nenhum interurbano ou para fora dos limites da cidade sob pena de revelar sua condição de parasita.

– Estou achando que não valho pra nada – digo-lhe – 11 anos no mesmo trabalho, as horas se arrastando feito bosta mole, e a cara de todo mundo se reduzindo a uma massa disforme, matraqueando, rindo sem motivo nenhum. não sou esnobe, Sánchez, mas às vezes a coisa fica um verdadeiro show de terror e a única saída é a morte ou a loucura.

– A sanidade mental é uma imperfeição – sentencia, botando 2 comprimidos na boca. 

– Pô, o que eu quero dizer é que estudam minha obra em várias universidades, tem um professor aí escrevendo um livro sobre mim... já me traduziram para uma porção de línguas... 

– Todos nós passamos por isso. você está ficando velho, Bukowski, tá se deixando levar. Não entrega a rapadura. Vitória ou Morte! 

- Estou com um coisa em andamento - explico, - uma história em que eu entro pra entrevistar um grande compositor. Ele tá de pileque, eu também fico. Tem uma criada. Estamos tomando vinho. Ele se inclina pra frente e diz "Os Humildes Herdarão a Terra"... 

- Ah é ? 

- E aí ele acrescenta:" isso, traduzindo em miúdos, significa que os burros tem mais persistência". 

- Meio fraco - Sanchez comenta, - mas pra você até que não está ruim. 

- Só que não sei o que fazer com a história. Tem essa tal criada, andando pra lá e pra cá, com uma coisinha bem curta, e não sei o que fazer com ela. O compositor fica de porre, eu também e ela pra lá e pra cá, exibindo o rabo. Um tesão de deixar qualquer diabo doido, e não sei o que fazer com tudo isso. Pensei que desse pra salvar a história batendo com a fivela do meu cinto na criada e depois chupando a pica do compositor, mas nunca chupei pica, nunca senti vontade, sou careta, por isso deixei a história pela metade e não terminei. 

- Todo homem é entendido e gosta de chupar pica; toda mulher é sapatão. Por que se preocupa tanto com isso? 

- Porque se não me sinto feliz, não sirvo pra nada e eu quero servir pra alguma coisa."


sábado, 20 de março de 2010






American Way of Life

"Estamos em tudo quanto é lugar, sempre pra proteger a vida. De repente pensei, isto aqui é a América, velhão, Hitler já morreu. Ou estarei enganado? Se Adolph Hitler estivesse vivo, acho que gostaria muito de assistir o que está se passando."

sexta-feira, 19 de março de 2010




Dieta


"Você se determina a ser um escritor famoso fazendo coisas instintivas que alimentam você e a palavra, que te protegem contra a morte em vida. É diferente para cada um, E, para cada um muda. Uma época, significava pra mim beber muito, beber até a loucura. Afiava a palavra para mim, a trazia á tona. E eu precisava do perigo. Precisava me colocar em situações perigosas. Com os homens. Com as mulheres. Com os carros. Com a fome. Com as apostas. Com qualquer coisa. Alimentava a palavra. Tive décadas disso. Agora mudou. O que eu preciso agora é mais sutil, mais invisível. É um sentimento no ar, palavras ouvidas. Coisas vistas. Ainda preciso de um trago. Mas agora estou em nuanças e sombras. Sou alimentado com palavras, por coisas que mal me dou conta. Isto é bom. Escrevo uma merda diferente agora."




Inferno

"Talvez haja um inferno, será? Se houver, lá estarei e sabem o que mais? Todos os poetas estarão lá e eu vou ter que ouvir. Serei afogado por sua elegante vaidade, por sua transbordante auto-estima. Se houver um inferno, este será o meu: um poeta atrás do outro lendo sem parar..."



Bukowski por Bukowski

"Não sou uma pessoa íntegra; não passo de um ser urbano atrofiado. Sou apenas um merdinha ranzinza que não tem nada a oferecer a ninguém."

quinta-feira, 18 de março de 2010


Fanatismo

"Prefiro ouvir sobre qualquer vagabundo vivo do que sobre um Deus grego morto."


Máscaras


"Eu conhecia uma porção de mulheres. Pra que sempre mais mulheres? O que eu estava tentando fazer? Era excitante um caso novo, mas também dava um trabalhão. O primeiro beijo, a primeira trepada tinham uma certa dramaticidade. As pessoas são interessantes no início. Aos poucos, porém, todos os defeitos e loucuras vinham a tona, é inevitável . Começo a significar cada vez menos pras pessoas, e elas pra mim."

quarta-feira, 17 de março de 2010



Sob Quatro Paredes

"As paredes ainda estavam ali, era só dar quatro paredes a alguém que ele tinha uma chance. Nas ruas, nada se podia fazer."



América Moralista


"Metade das mães da América, com suas grandes e preciosas bucetas e suas preciosas filhinhas. Metade das mães da América têm mentes obscenas."

terça-feira, 16 de março de 2010





1,2,3,4,5,6...


Saí andando. A corda ia rebentar, e não era do meu lado. Comecei a contar cada tolo que passava por mim. Cheguei a 50 em dois minutos e meio, então entrei no próximo bar.




Velhice

"Ora, velhice não é crime. O diabo é que a maioria das pessoas não sabe envelhecer."


Curriculum Vitae

"Descarregava as caixas de peças usadas, varria o chão, trocava os rolos de papel higiênico no mictório e assim por diante. Eu já fiz serviços dessa natureza em tudo quando é canto deste país, por isso nunca esnobo quem faz o mesmo."

sexta-feira, 12 de março de 2010




Mulheres...


"Mulheres sangram uma vez por mês, mulheres foram feitas para parir. Mulheres nasceram para sofrer. Não é de se espantar que elas vivam pedindo declarações de amor."



Bukowski, um cara de sorte


"As luzes se apagaram no avião. Ninguém conseguia dormir, mas todo mundo fingiu. Eu não me dei ao trabalho. Tinha um assento de janela e fiquei olhando as casas e as luzes lá embaixo. Tudo arrumadinho em belas linhas retas. Ninhos de formigas. Descemos no Internacional de Los Angeles. Ann, eu te amo. Espero que meu carro pegue, espero que a pia não esteja entupida. Estou feliz por não ter comido uma fanzoca. Estou feliz por não ser muito bom em me meter na cama com estranhas. Estou feliz por ser um idiota. Estou feliz por não saber nada. Estou feliz por não ter sido assassinado. Quando olho para minhas mãos e elas ainda estão nos meus pulsos, penso comigo mesmo: sou um cara de sorte.

quinta-feira, 11 de março de 2010




Chama o que faz de literatura?


"- É o máximo que posso fazer."



Bukowski, "o bravo"


" Tenho medo de tudo. Quero dizer, das pessoas, dos prédios, das coisas, de tudo. Sobretudo de gente."



Bar doce Bar


"Saber o ponto de equilíbrio exato entre a solidão e a aglomeração - aí é que estava o truque, o golpe que a gente precisava usar pra não ser internado num hospício. As pessoas passavam a maior parte do tempo sentados, assistindo um jogo idiota qualquer pela televisão. Claro que beber no quarto da gente é melhor, mas anos e anos de bebedeira já demonstraram que o culto da birita sozinha, tomada entre quatro paredes, não só liquida com qualquer um como também ajuda ELES a liquidar com a gente. Não há necessidade de propiciar vitórias fáceis."





Bebida é água!
Comida é pasto!


"Não ligava pra comida; homem que se preza não se importa com isso. Comida era, simplesmente, pura perda de tempo. Sempre ouvi falar na paixão que todo mundo tem para comer. Mas pra mim é um saco. Líquido, tudo bem, ms sólido, nem morto. Gostava de merda, gostava de cagar e gostava de cagalhões, mas achava um trabalho danado ter que formar tudo aquilo."

terça-feira, 9 de março de 2010

segunda-feira, 8 de março de 2010






Fame, fame, fatal fame...


" - Lydia, pelo amor de Deus, por que é que você tem de ser tão estúpida? Você não consegue entender que eu sou um bicho do mato? Tenho que ser desse jeito pra escrever.
- Como é que você vai entender as pessoas se você não encontra com elas?
- Já sei tudo sobre elas.
- Até nos restaurantes você fica de cabeça baixa pra não olhar ninguém.
- Pra quê? Pra sentir vontade de vomitar?
- Eu observo as pessoas - disse ela.
- Eu estudo as pessoas.
- Grande merda! - Você tem medo é de gente!
- Detesto gente
- Como é que você pode ser um escritor? Você não observa as pessoas!
- OK. Eu não olho pras pessoas, mas pago o aluguel com a minha escrita. É melhor que cuidar de ovelhas.
- Você nunca vai emplacar. Nunca vai se realizar. Você faz tudo errado.
- E é em cima disso que a minha escrita se realiza.
- Se realiza? Quem é que te conhece? Você por acaso tem a fama de um Mailer? De um Capote?
- Esses aí não sabem escrever.
- Só você sabe! Só Chinaski sabe escrever!
- É o que eu acho.
- Cadê a sua fama? Em Nova Iorque alguém ia te reconhecer?
- Escuta aqui tô cansado pra isso. Só quero continuar a escrever. Não preciso de badalos.
- Você aceitaria de bom grado toda a badalação que te oferecessem.
- Talvez.
- Você gosta de fingir que é famoso.
- Sempre fui desse jeito, mesmo antes de começar a escrever.
- Você é o famoso mais desconhecido que eu já vi.
- É que eu não sou ambicioso..."


A bela e a fera


" Eu era velho e feio. Velho e feio. Vai ver , é por isso que era tão bom meter nas gurias. Eu era o King Kong, elas ternas graciosas criaturas. Será que eu tentava brecar a minha descida para a morte? Será que eu pretendia evitar a velhice, o sentimento da velhice, pelo convívio com mulheres mais jovens? Eu só não queria envelhecer mal, pendurar as chuteiras, me dar por morto antes mesmo da morte chegar."



Classificados

"Escritor: precisa de casa onde o som de uma máquina de escrever seja mais bem-vindo que a trilha sonora de risadas de "I Love Lucy". Cem dólares por mês está legal. Exige-se privacidade."

sexta-feira, 5 de março de 2010






O importante é competir...

"Não estou numa competição. Nunca quis fama ou dinheiro. Quis escrever do jeito que queria, só isso. E tive que escrever ou ser tomado por algo pior do que a morte. No entanto quando começo a duvidar de minha capacidade de trabalhar a palavra, simplesmente leio outro escritor e então sei que não tenho com o que me preocupar. Minha competição é só comigo mesmo: fazer direito, com poder, força, deleite e risco. Se não esqueça."




Fã-Clube

"Acho legal que os astros do rock leiam meu trabalho, mas sei de homens nas cadeias e nos hospícios que também lêem. Não posso controlar quem lê meu trabalho. Esqueça."

quarta-feira, 3 de março de 2010




Inspiração


"Todos os dias, quando entro no hipódromo, sei que estou mandando minhas horas á merda. Mas ainda tenho a noite. O que os outros escritores fazem? Ficam na frente do espelho e examinam os lóbulos da orelha? E então escrevem sobre eles. Ou sobre suas mães. Ou como Salvar o Mundo. Bem, podiam me poupar não escrevendo esse troço chato. Essa bobagem sem energia e murcha. Pare! Pare! Preciso ler alguma coisa. Será que não há nada pra ler? Acho que não. Se você achar, me conte. Não, não faça isso. No mínimo foi você que escreveu. Melhor não. Esquece. Vai dar uma cagada."



Convivência Familiar

"Nunca estou sozinho. A melhor coisa é ficar sozinho, mas nem tanto assim. Acho que vou descer e sentar com minha mulher, ver um pouco da estúpida TV. Estou sempre no hipódromo ou nesta máquina. Talvez minha mulher goste disso. Espero. Bem, aqui vou eu. Sou um cara legal, sabe? Descer. Deve ser estranho viver comigo. É estranho pra mim..."