sexta-feira, 17 de julho de 2020





I
nsônia 

“Algumas noites eu sabia que, se adormecesse, morreria. Ficava dando voltas sozinho a noite toda, do quarto ao banheiro e do banheiro à cozinha, passando pela sala da frente. Abria e fechava a geladeira, repetidas vezes. Abria e fechava torneiras. Ia ao banheiro e abria e fechava as torneiras. Dava descargas na privada. Puxava as orelhas. Inspirava e expirava. Depois, quando o sol saía, eu sabia que estava salvo. Aí dormia com as paredes azuis azuis azuis, curando-me”



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