domingo, 27 de dezembro de 2020






 


O que estou fazendo?


"Preciso parar de enfrentar esses corredores
enlouquecidos na autoestrada,
enquanto rugimos por aberturas 
estreitíssimas com estéreo ribombando sem parar
ao meio-dia,
e no entardecer
e na escuridão,
quando na verdade tudo que queremos 
é sentar em frescos jardins verdes
conversando calmamente com bebidas na mão.

O que nos faz ficar desse jeito? 
– unhas encravadas?
 – ou o fato de que as
mulheres não são suficientes? 
– que tolice nos faz beliscar o nariz da
Morte continuamente?
Será que temos medo do lento urinol? 
– ou de babar sobre ervilhas malcozidas 
trazidas por uma enfermeira entediada 
com estúpidas pernas grossas?

Que temerário impulso estouvado 
nos faz pisar fundo com
uma só mão na direção?

Não temos noção da paz de envelhecer
suavemente?
Que maldito grito de guerra é esse?
Nós somos os mais doentes da espécie
 – enquanto bons museus
 – a grande arte –
gerações de conhecimento – 
são todos esquecidos,
enquanto vemos profundidade 
no fato de sermos babacas –
vamos acabar virando fotografias 
– quase em tamanho natural 
– penduradas como advertência na
parede do Tribunal de Trânsito.

E as pessoas vão estremecer 
só um pouquinho e virar o rosto
Sabendo que
ego demais não é
suficiente."







Nenhum comentário:

Postar um comentário