domingo, 6 de dezembro de 2020

 




Táxi


"A dançarina mexicana balançava 
suas plumas e seu rabo para mim,
sem que eu lhe tivesse pedido, 
minha mulher enlouqueceu
e saiu correndo do café 
começou a chover
e dava para ouvir os pingos no 
telhado 
e eu estava sem emprego
e me restavam 13 dias 
de aluguel.

Às vezes, quando uma mulher 
corre assim de você
é de se perguntar se não faz isso 
por questões econômicas, 
bem, não se pode culpá-las –
se eu tivesse que ser comido, 
preferia que fosse
por alguém com grana.

Estamos todos assustados,
mas quando você é feio e
está completamente fodido
você se 
fortalece, 
e chamei o garçom e disse,
acho que vou virar esta mesa,
estou 
de saco cheio, pirado,
preciso de 
ação, chame o seu leão-de-chácara,
mijarei na 
clavícula dele.

Fui posto pra fora bruscamente.
Chovia. Dei um jeito de me recompor 
sob a chuva e caminhei pela rua deserta.
Algodão-doce, quinquilharias à venda,
todas as lojinhas fechadas
com cadeados Woolworth de 67 centavos.

Chego ao final da rua a tempo
de vê-la entrar num táxi
com outro cara.
Desabo junto a uma lata de lixo, 
me levanto e mijo nela, 
sentindo-me triste e logo nem tanto,
sabendo que havia coisas demais
que eles podiam 
fazer contra você.

O mijo escorrendo pela lata 
corrugada,
os filósofos deveriam ter algo a dizer sobre
isso.
 
Mulheres.
A sorte delas contra o seu 
destino.
O vencedor leva Barcelona.
Próximo 
bar.





Nenhum comentário:

Postar um comentário