segunda-feira, 21 de setembro de 2020

 





Um Computador Agora...


"Eu era o escritor bêbado endividado
que costumava escrever à mão seu
trabalho em letra de forma.
A maior parte era contos
enviados para The Atlantic Monthly,
Harper's e The New Yorker.
Ah sim, e para
a revista Story.

Tenho certeza de que me achavam
louco e talvez eu fosse,
mas mandava de 3 a 5 contos por semana.
O editor da Atlantic me respondeu uma vez
e o editor da Story algumas vezes com 
pequenas notas de encorajamento
assim eu sabia que o trabalho era lido.

Agora tenho um computador
e ele também tem suas 
pequenas histórias de panes 
e trabalhos perdidos.
Além disso, vez ou outra tenho que levar
o computador de volta para o conserto.
"Estou aqui de novo",
digo a eles. 

Desde que um dos meus gatos
mijou no buraco 
onde se inserem os disquetes
as coisas não funcionaram mais direito.

Deixei o computador no conserto 
e voltei para a máquina de escrever elétrica,
mas é como tentar quebrar uma rocha
com uma marreta, 
mas fui em frente e martelei
e finalmente consegui algumas linhas.

Tentei a máquina de escrever manual
uma vez e não consegui trabalhar nela.

Voltei para o computador agora
escrevendo isso, 
mas não consigo parar de pensar
nos dias em que escrevia 
tudo em letra de forma.
Tanto fiz que escrevia em letra de forma
mais rápido que em letra cursiva.
Beber e escrever em letra de forma.
Escrever em letra de forma e beber
e colocar as coisas em envelopes.

Eu era louco, sim,
eu era louco,
mas gloriosamente louco,
jovem, bebendo o vinho barato,
fumando cigarros enrolados
cuja cinza quente e vermelha
frequentemente caía em minha camisa
me queimando e me tirando do meu transe.

Não posso voltar para isso,
tenho meu Macintosh,
mas estou feliz por ter estado lá
daquele jeito.
Suficientemente sortudo e
suficientemente louco
para arremessar isso pelos ares. 

Ás vezes os deuses 
nos dão algo a mais
e não percebemos na hora.

Olho para trás agora,
olho para trás para aquele garoto
e estou feliz por ter sido eu,
os deuses lá em cima
rindo e me incitando,
se divertindo diabolicamente 
com tudo isso,
fazendo a caneta correr pelo papel,
sem carro, sem mulher, 
sem emprego, sem comida,
só vinho e tinta e papel, 
a porta fechada,
minha mente correndo pela 
borda do teto,
pela borda do céu noturno,
simplesmente não sabia algo melhor
e fiz isso."


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