terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

 





A gente se dá bem



"As várias mulheres com quem vivi 
adoravam concertos de rock, 
festivais de reggae, love-ins,
marchas pela paz, vendas de bazar,
feiras, comícios, casamentos, funerais, 
leituras de poesia,aulas de espanhol, 
spas, festas, bares e assim por diante.

Enquanto eu vivia com esta máquina.

Enquanto elas desempenhavam funções sociais,
salvavam baleias, as focas, os golfinhos,
o grande tubarão branco.

E enquanto elas falavam ao telefone, 
esta máquina e eu vivemos aqui juntos.

Como estamos vivendo juntos aqui esta noite:
a máquina, os 3 gatos, o rádio e um pouco mais.

Depois que eu morrer elas dirão (se perguntadas):
"Ele só gostava de dormir e beber;
ele nunca queira ir a lugar algum.
Bem, talvez para as pistas de corrida,
aquele lugar estúpido!"

As mulheres que eu conheci 
e com quem vivi eram muito sociáveis, 
saltando em seus carros, entusiasmadas,
apressadas, como se alguma experiência 
de grande importância
aguardasse por elas:

"É um grupo new-wave punk, eles são demais!"
"Uma leitura com Allen Ginsberg!"
"Estou atrasada para minha aula de dança!"
"Estou indo jogar damas com a Rita!"
"É uma festa de aniversário surpresa para Fran!"

Entretanto eu tenho está máquina.
Está máquina e eu vivemos juntos de verdade.

Olympia, este é o seu nome.
Uma boa menina.
Quase sempre fiel. "




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