Desempenhando 

"Eu era um cafajeste frenético,
eu estava com a R. e a C. e a M. e a L.
e nós estávamos sempre metendo,
e havia discussões
e havia infelicidade
e meu pênis doía de contínuas ejaculações.
Eu estava chupando peitos,
eu estava por baixo no meio das coxas,
eu estava por cima,
eu estava por trás,
Não conseguia me lembrar das últimas 7 vezes.


Tinha espasmos só de sentar numa cadeira
e tomar uma cerveja.
Sentava constantemente em cima
de meus óculos de leitura.
Nas têmporas minhas veias saltadas
já davam nós.
Eu tinha dor de dente,
dor nas costas, dor de cabeça.
Tinha pneus furados em todo lugar
que estacionava.
Tinha prisão de ventre.
Não penteava os cabelos.
Mas eu estava metendo –
Às vezes eu estava lá embaixo
E ela estava lá embaixo
“Agora quando eu fizer isso”, ela dizia,
“Você faz isso...”

Eu vivia em banheiro com
as toalhas encharcadas.
Não conseguia tirar o limo de minha privada,
mas eu estava metendo e brigando
com a R. e a C. e a M. e a L..
Elas sempre ameaçavam me deixar
e eu realmente não conseguia entendê-las.


Em guerra com as mulheres,
eu não me saía bem.
Eu era sério demais
e elas eram boas demais nisso.
Elas eram mais espertas do que eu
e eu me sentia cada vez pior.
Quanto mais eu comia elas e brigava com elas,
pior eu me sentia.

Fiquei completamente inapto:
Não conseguia atender
a campainha ou o telefone,
deixei de arrumar a cama,
não conseguia me barbear,
não conseguia escovar os dentes,
recebia Avisos da Companhia Telefônica,
do pessoal da Água e da Luz.
do Imposto de Renda Federal,
do Imposto de Renda Estadual,
solicitei o Selo para a placa do meu carro,
mas quando chegou
na hora eu o perdi...

Mas eu estava metendo,
arranquei alguns gemidos da
R. e da C. e da M. e da L. que soavam reais,
mas nunca perguntei a nenhuma delas
se chegavam ao clímax.
Eu com certeza chegava.
Direto.
A pele do meu pênis
estava em carne viva – como fogo –
O doutor disse que não havia doença venérea
Ele falou, “Cristo, dê uma folga pra essa coisa.
Tire um ano de férias. Ache outro passatempo.”


Mas eu continuei.
Eu ria, mas sem alegria.
Eu tinha ataques de úlcera.
Envelheci cinco anos em seis meses.
Já meus ciúmes me consumiam,
minha imaginação girava
em sentido anti-horário em meu cérebro.
Eu dirigia meu carro com negligência.
Eu perdia empregos, encontrava empregos,
perdia empregos,
Bebia e fumava sem parar.
Tinha insônia.
A pele de minhas mãos estava descamando.

Não tinha mais tesão, 

mas continuei metendo
e não sabia como sair disso.
Ali eu fui pego,
entre pernas levantadas para cima,
um homem metendo
muitas e muitas e muitas vezes –
Lençóis, estrados, persianas, cortinas
travesseiros, tetas, peitos, bundas.
Às vezes o cheiro do amor
e sempre o cheiro do sexo.

Mas várias vezes,
nos momentos mais intensos
e apaixonados,
eu desejei ser aquele
cara solitário novamente
sentado no cinema com
meu pacote de pipoca,
enquanto ao meu redor
casais se sentavam
juntos
lado a lado."